Neste Outubro, a Boeing estará finalmente enviando o 737 MAX para ser submetido a avaliação da FAA. Ao receber a renovação da sua certificação, a fabricante terá a grande tarefa de entregar a enorme reserva de aeronaves já construídas no mundo. A fabricante já está ciente desse fato e já começou a se preparar para o que está sendo chamado de “uma das maiores operações logísticas da história da aviação civil”.

A obtenção dos certificados do 737 MAX pelas autoridades aeronáuticas para voar novamente é apenas um dos obstáculos que a Boeing enfrenta no momento. Se em outubro a FAA realmente aprovar a aeronave, a fabricante americana enfrentará uma tarefa gigantesca de entregar todos os aviões armazenados, além de ajudar as companhias a colocarem em serviço e restabelecer as suas aeronaves groundeadas novamente.

Além disso, a linha de produção estará de volta a todo vapor, produzindo mais de 40 aeronaves por mês, com o objetivo de retornar aos 52 por mês que estavam em vigor antes do groundeamento. Sem mencionar que todas essas aeronaves precisarão ser entregues também, adicionando mais tensão ao planejamento logístico da fabricante de aviões dos EUA.

A Boeing, está com a absoluta confiança do retorno iminente do MAX,e devido a isso já iniciou os preparativos necessários para colocar a aeronave em serviço novamente. Um funcionário da Boeing relatou à Reuters, que todos os preparativos do retorno do MAX é comparado a uma campanha de como o país estivesse “indo para a guerra”. Por enquanto é isto que fabricante está fazendo, e o que sabemos até agora.

Quantos Aviões?

Em suma, a Boeing tem cerca de 250 aeronaves 737 MAX parkeadas em vários locais de armazenamento em uma configuração semelhante ao jogo Tetris (incluindo seu próprio estacionamento de funcionários). Todas essas aeronaves precisam ser limpas, verificadas e preparadas para o início do processo de aceitação do cliente.

 

Embora os jatos armazenados e groundeados precisem ser restabelecidos, mais unidades continuam a sair da linha de produção. Foto: Boeing

Além disso, existem 387 unidades espalhadas por todo o mundo que já foram entregues às operadoras no momento da proibição. A Boeing se comprometeu a apoiar as companhias aéreas no retorno dessas aeronaves ao serviço, no entanto, precisará garantir um suprimento adequado de engenheiros e ferramentas para manter a promessa.

Pra finalizar, a média atual de fabricação está na casa de 42 aeronaves 737 MAX por mês. Esse detalhe faz todo esse caos aumentar ainda mais, já que mais aeronaves terão que ser preparadas para a entrega aos clientes.

O que a Boeing está fazendo?

De acordo com a Reuters, a fabricante de aviões leva semanas para o que chamamos de “projeto elaborado” para devolver o jato ao serviço. Uma fonte informou que isso envolve cerca de 1.500 engenheiros, além de uma montanha de peças e ferramentas.

Embora isso pareça um pequeno exército, o engenheiro-chefe Comercial da Boeing, John Hamilton, compara toda a complexa movimentação à sincronia de um “balé”. Ele disse à Reuters que toda a montagem da aeronave incluía até 680 fornecedores diferentes.

Pelo menos 250 jatos que estão na fábrica precisam ser retirados. Foto: Boeing

 

Para evitar que 250 aeronaves fiquem “mofando” nas instalações, a Boeing estima uma jornada entre 100 a 150 horas de trabalho por jato. Isso inclui a instalação de novos softwares, bombas elétricas e troca de fluidos. Essa tarefa por si só provavelmente levará meses. Para acelerar um pouco o processo, os funcionários da Boeing já estão pré-montando os kits de ferramentas dedicados aos técnicos.

Quando a aeronave estiver pronta para voar, o processo de aprovação por parte do cliente será iniciado. Isso irá envolver vários dias de vôos de teste, para os quais a Boeing precisará contar com um pequeno exército de pilotos e para resolver essa pane, a fabricante está discutindo a possiblidade de contratar pilotos temporários da empresa Isle of Man company CCL Aviation.

As Agências Reguladoras e suas análises

Embora a Boeing esteja claramente determinada a fazer as coisas acontecerem o mais rápido possível, uma vez que a proibição seja suspensa, haverá algumas partes do processo que estarão fora de seu controle. Agências Reguladoras de todo o mundo estão começando a expressar seus próprios planos, que para muitos incluirão a condução de seus próprios processos de análise antes de permitir que o MAX voe. Se esse tipo de ação levar a um período prolongado por algumas nações, nem todos os aviões poderão ser entregues, mesmo quando a aprovação da FAA for concedida.

 

As reguladoras querem realizar seus próprios testes. Foto: Boeing

Não apenas isso, até mesmo as companhias norte-americanas talvez, não queiram recuperar todos os seus jatos que foram desativados pela suspensão. Quando na época em que a aeronave foi groundeada, as companhias aéreas estavam empenhadas em aumentar a capacidade antes da alta temporada de verão. Se a proibição for suspensa no início do inverno, baixa estação, essas mesmas companhias aéreas poderão não estar tão interessadas em adicionar essas aeronaves em sua frota.

Temos também alguns aviões que simplesmente não têm para onde ir. A Reuters relata que cerca de uma dúzia de jatos serão destinados aos arrendadores do quais ainda não encontraram seus clientes. Na verdade, um punhado dos MAXs estavam indo para a Jet Airways, que claramente não se mostra com necessidade de recebê-los.

Enquanto a Boeing faz todo o possível para facilitar a volta do seu avião best-selling, o MAX parece estar pronto para passar por mais turbulência nos próximos meses.